quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Servo do Rei

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O Servo do Rei.
Adaptação: Jaysla Ravenna.

Todos os reinos sempre aparentam ser o mesmo tendo em vista sua estrutura, corte, servos, lordes, clero e a família real, o que muda são pequenos detalhes. Como cada corte tem seus próprios servos, e estes, são diferentes, alguns apenas escravos comandados pela realeza e obrigados a ouvir os piores insultos, outros são tratados com respeito, até mesmo com admiração graças à sabedoria que acumulam, assim é a humanidade, tem maior liberdade aquele que a merece, porque no Reino Comum seria diferente?
            As páginas de um velho livro diziam que entre todos os servos do Rei Leonard havia um que sempre chamava a atenção, Peter, todos sempre ficavam encantados com as palavras que o rapaz proferia, pois a cada situação ele sempre tinha uma frase a dizer, como se fosse o seu dever, ou apenas era a sua mente habituada aquilo agindo por si só.
            Todas as vezes que ele passava a cavalo ou até mesmo caminhando por entre as ruas do Reino Comum muitos começavam a murmurar sobre o jovem, e conforme o tempo passa, ele nos traz surpresas, algumas boas, outras nem tanto.
            Alguns dias depois chegou aos ouvidos de Leonard que um de seus servos se comportava como alguém que tivesse o dom das palavras, por ter o domínio dessas, ele ordenou que o garoto fosse levado para a sua presença.
            Quando o trouxeram ele observou atentamente aquela figura magra que se aproximava, “não passa de um garoto, mal tem barba”, pensou o Rei.
            - Vossa Alteza – ele disse fazendo uma reverência.
            Ao ouvir a voz do garoto percebeu o quanto esta tinha certo tom que chamava a atenção.
            - Peter, correto? – Leonard dirigiu-lhe a palavra.
            Peter assentiu tentando não demonstrar o seu nervosismo.
            - Os ventos me trouxeram notícias suas – Leonard recostou-se no trono.
            - Notícias, Alteza? – indagou Peter. – Boas? Ruins?
            - Dizem que sempre tem alguma frase, não importa a ocasião, pode ser consolo, ou até mesmo felicidade – o Rei prosseguiu sem dar atenção às perguntas do rapaz. – Verdade ou mentira?
            - Verdade – Peter respondeu sem pestanejar.
            - Verdade... – Leonard o fitou. – Muitos teriam medo de confirmar tal coisa, mas me diga, com quem você as aprendeu?
            - Com o tempo, com as pessoas a minha volta, cada qual em uma situação diferente que acontecia ao alcance de meus olhos.
            - Tenho um desafio a propor-lhe, Peter.
            - Um desafio?
            - Se o aceitar poderá viver ou morrer, se o recusar...
            - Eu aceito! – Peter interrompeu o Rei. – Qual é?
            Leonard deixou um sorriso formar-se em seus lábios, ele gostava daquelas atitudes.
            - Corajoso – constatou. – Se é tão sábio quanto dizem as línguas ao teu redor, me traga uma frase, uma simples frase.
            - Com que finalidade, Alteza? – Peter perguntou desconfiado, apenas uma frase, aquilo estava muito fácil.
            - Eu quero apenas uma frase – o Rei ergueu-se do trono e caminhou até o garoto – que me deixe alegre quando estiver triste, e que me deixe triste ao estar alegre.
            O garoto o fitou com os olhos negros, como ele acharia uma frase como aquela?
            - Você tem até amanhã para me dar a resposta, agora vá! – o Rei disse voltando para o trono e gritou: - Lembre-se, apenas uma frase!
            Peter saiu cabisbaixo da sala do trono, aquele era um grande desafio e grandes desafios vêm em boa parte do tempo em que não os esperamos.
             
            A noite aproximou-se sorrateiramente, pegando Peter com surpresa, ele estava em seu quarto quando os raios daquela lua cheia invadiram aquele local. Peter sorriu. A lua cheia que ia e vinha todos os meses ali estava e agora, mais brilhante do que nunca.

            - Majestade, realmente acha que o garoto voltará aqui com a resposta? – um dos Lordes ali perguntou ao rei.
            - Algo me diz que sim – Leonard respondeu o fitando.
            O prazo aproximava-se do fim aos poucos. Os murmúrios incessantes daquela sala pararam ao ouvirem o ranger da porta de ferro daquela sala ser aberta, revelando aquela mesma figura magra.
            - Vejo que encontrou a frase, porque não me parece ser louco o suficiente para entregar-se – Leonard disse.
            - Vossa Alteza tem razão – ele disse fazendo uma reverência ao aproximar-se.
            - Então...?
            - Ontem me lançou o desafio, hoje trago a resposta, somente uma pode cumprir esse efeito... Vai passar.
            Realmente o jovem estava certo, tudo o que é ruim e nos prejudica passa, assim como aquela felicidade que gostaríamos que durasse eternamente, essa é uma certeza da vida, tudo vai passar.            

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